Tranquilidade Açoreana Clube
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8 e 9 de Maio de 2010 - 101 Peregrinos

4 participantes

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Mensagem  CarlosFonseca Qui Fev 04, 2010 10:19 am

Esta prova é o meu desafio para este ano de 2010.
Como não se realizam os 101 km de Ronda este ano, em alternativa surgiram estes "101 Km Peregrinos em 24 horas".

Uma ultra-maratona de 101 km, realizada nos mesmos moldes da de Ronda, mas cujo percurso é feito nos Caminhos de Santiago de Inverno, norte de Espanha (A cerca de 150 km a norte de Bragança!)
A prova vai envolver 3.500 atletas de corrida, 2.500 BTT e 600 duatletas.

Site da prova: http://www.101peregrinos.com/

A ACB vai estar aqui representada. O meu dorsal é o 5117!!

Este é o troféu que vai ficar lindo na minha prateleira:
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Depois da Maratona de Sevilha, é começar a treinar para esta grande aventura. O primeiro treino é já dia 7 de Março nos Trilhos de Almourol cheers
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8 e 9 de Maio de 2010 - 101 Peregrinos Empty 101 Km - Peregrinos

Mensagem  CarlosFonseca Seg maio 10, 2010 7:02 pm

Mais uma Ultra-Maratona terminada.

Foram 101 km muito difíceis nos Caminhos de Santiago (em Ponferrada - Espanha) sob uma chuva intensa e num piso lamacento.
Apesar destas condições consegui fazer menos tempo que em Ronda no ano passado.

Na classificação fiquei em 37º de 456 atletas - 24º do Escalão - com o tempo de 13h12:16

A delegação Tuga "deu cartas" nesta prova, sendo os primeiros 5 atletas masculinos e as primeiras 3 atletas femininas todos portugueses. Carlos Sá e Verónica Correia foram os vencedores da prova.

Vídeo da partida: http://vimeo.com/11597466

A prova foi feita em simultâneo com 1367 BTT.
Vídeo da prova (só para verem como estava o piso!):
https://www.youtube.com/watch?v=V-abHHdEin4

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Mensagem  Diogo Ferreira Seg maio 10, 2010 10:55 pm

Olá Carlos,
Grande devoção!!!! Parabéns pela tua magnífica prestação e esforço ao longo de 13 horas affraid
cheers

Diogo Ferreira

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Mensagem  Francisco Pereira Ter maio 11, 2010 7:53 am

Olá Carlos bom dia,
Parabéns por mais um desafio "louco" ultrapassado com sucesso.
Boa recuperação.
Um abraço
Francisco Pereira
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Mensagem  Jorge Serra Qua maio 12, 2010 10:37 am

Há tipos muita doidos!

Carlos, muitos parabéns por teres vencido mais um "desafio", isto até parece fácil...

Mais uma grande representação com as cores da ACB! Não tarda tens a tua tão ambicionada Singlet, as próximos são fantásticas, do topo mesmo!

Grande abraço.

Jorge Serra

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8 e 9 de Maio de 2010 - 101 Peregrinos Empty Re: 8 e 9 de Maio de 2010 - 101 Peregrinos

Mensagem  CarlosFonseca Qua maio 12, 2010 8:49 pm

Obrigado a todos pelos parabéns.

Há tipos mesmo doidos! Very Happy

Aqui vai uma foto de alguns dos Tugas presentes nesta prova.
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8 e 9 de Maio de 2010 - 101 Peregrinos Empty A minha Peregrinação em 101 km

Mensagem  CarlosFonseca Dom maio 23, 2010 5:05 pm

101 Peregrinos

Cataloguei esta prova como sendo o meu maior desafio para este ano de 2010. Como não iria haver a prova dos 101 km de Ronda, esta seria com toda a certeza a prova de eleição para uma grande comitiva “Tuga” – cerca de 50 atletas.
Previa-se um tempo de chuviscos e uma temperatura de cerca de 12º C, e de facto durante a viagem na sexta-feira tivemos bastante chuva. Chegámos a Ponferrada cerca das 21 horas locais e já junto ao Pavilhão Desportivo se via o habitual aglomeramento dos atletas. Falava-se mais português que espanhol, tal era a quantidade de presenças lusas, quase todos já conhecidos nestas andanças.

Levámos os sacos para o pavilhão onde iríamos pernoitar e dispusemo-nos a levantar o dorsal. Logo aqui, verificámos a inexperiência desta nova organização. Houve quem estivesse cerca de hora a meia na fila para levantar o seu dorsal. Como não existia uma lista afixada com o nome e dorsal dos atletas, todos tínhamos de fazer fila para verificar o número no computador e só depois é que poderíamos proceder ao seu levantamento.

No nosso caso como chegámos tarde, a fila era longa mas de atletas de BTT ou duatlo, pelo que para “marchadores” apesar da ineficiência até foi rápido. Tinham-nos garantido que o valor de 5 € pago (referente ao envio do dorsal por correio, e que não o fizeram) seria devolvido no levantamento do dorsal. Foi-nos explicado na altura que só poderia ser devolvido no dia seguinte de manhã.

Juntamente com o dorsal recebemos alguma literatura, uma T-Shirt branca (de fraca qualidade) e o Passaporte para os carimbos dos controlos da prova, e dirigimo-nos ao pavilhão de futebol para a habitual “pasta-party”.
Outra desilusão! A ceia era defronte do pavilhão em mesas de madeira, mas a céu aberto e sujeitos aos chuviscos que teimavam a cair sobre nós. Um prato de massa com carne e uma salada mista dentro de alguidares colocados em cada mesa. Pão e água para acompanhar. Felizmente havia cerveja a copo num quiosque próximo e nem nos fizemos rogar!
A sobremesa, essa, veio do (delicioso) bolo de anos da Cátia em que cantámos os parabéns debaixo duma chuva que teimava em prevalecer. Comemos à pressa e fomos para o pavilhão desportivo para preparar a cama e deitar-nos.
Devido ao cansaço da viagem, rapidamente adormeci embalado pelos roncos e ressonar dos vizinhos espanhóis.

Domingo, dia da prova

Levantei-me cedo e preparei o saco para ficar aos 60 km. Nele coloquei o frontal, uma muda de roupa, uma camisola térmica, um corta-vento, gels e uma toalha, e dirigi-me à organização para proceder à entrega. Aproveitei para solicitar a devolução dos 5 €, e responderam-me para lá voltar no final da prova!!! Claro que contestei pois duvidada que alguém me devolvesse o dinheiro durante a madrugada. Exigi a devolução e lá foram destrocar dinheiro para me dar!
Embora me parecesse que haveria poucos abastecimentos sólidos, calculei que bastava levar dois gels até aos 60 km, onde teria mais no saco. Assim, preparei a bolsa do cinto de duas garrafas, com os gels, Reflex-creme, magnesona, telemóvel e passaporte. Vesti um corta-vento, chapéu… e lá vamos nós para o Estádio Municipal de Atletismo onde seria dada a partida.

Como o tempo se anunciava solarengo, optei por não levar o corta-vento pois tinha deixado outro para os 60 km.
Numa cópia mais fraca de Ronda, lá se alinharam cerca de 1300 BTTs que partiram meia hora antes dos atletas. Cinco minutos antes da hora prevista lá partimos nós. Nem me apercebi se houve ou não o habitual tiro de partida!!
Demos uma volta ao estádio e lá seguimos pelas ruas de Ponferrada. Para nosso espanto, à nossa frente surgiu um carro da Polícia que segurou os atletas (a passo) durante cerca de 3 km, até passarmos pelo Castelo quando entrámos nos trilhos.

Rapidamente chegámos ao primeiro abastecimento (6 km – Puente Boeza) onde serviram bebida hipotónica (mistura de isotónico com água). Aqui começámos a subir até ao Villalibre de La Jurisdicción onde tivemos água no 2º abastecimento. Depois descemos por um trilho até depararmos com um vale lindíssimo com casas de telhados de xisto, Santalla del Birezo (17 km). Pelas ruas empedradas passávamos sob alpendres de madeira já carcomida lembrando aldeias do Sec. XVII. Já à saída da aldeia tínhamos abastecimento líquido e placas sinalizadoras dos BTTistas para a esquerda e Marchadores para a direita.

Saímos da aldeia e chegámos a Priaranza del Bierzo onde está uma imagem muito peculiar – um totem em madeira onde está esculpida a figura dum [url=Cavaleiro Templário]http://www.omundodacorrida.com/phpBB2/Album/watermark.php?file=7302&size=1[/url] do tempo das Cruzadas. Aproveitei logo para tirar umas fotos com o telemóvel e depressa se juntou um grupo de tugas para a foto da praxe.

De seguida deparámos com uma enorme subida até aos postes de alta tensão. Quase no topo, novo abastecimento. Desta vez era em lata – RedBull ou Fanta. Optei pela última. Olhei para a serra em frente e consegui escrutinar BTTs a subir a enorme encosta e desabafo com o grupo “Não é fácil para os BTTs de fazerem aquela subida!” Mal sabia eu!
Descemos de novo para Santalla del Bierzo (28 km) e encaminham-nos para a direita e logo me apercebo que vamos fazer a tal subida difícil das BTTs. É aqui que começam a cair os primeiros chuviscos. No topo começamos a descer num trilho muito técnico até Villavieja (33 km), e deparamos com uma descida lamacenta e algo perigosa. No largo empedrado da aldeia situava-se o abastecimento mas das barras… nem vê-las!! O chão estava repleto das embalagens vazias, claramente deixadas pelos BTTs. Já aborrecidos com a falta do primeiro abastecimento sólido lá seguiu o grupo por um trilho floresta acima até ao Castillo de Cornatel a 850 mt de altitude. Na última descida tínhamos ultrapassado uma atleta feminina e agora na subida encontrámos outra, que deveria ser a primeira mulher.

Forçámos o andamento de modo a apanhá-la e puxámos pela Verónica que vinha connosco para que conseguisse o lugar cimeiro. Ela como boa trepadora rapidamente ultrapassou a atleta espanhola deixando-nos para trás. O Eduardo da Adefacec que vem connosco começa a ter indícios de cãibras, e paramos para lhe dar magnésio e pôr um pouco de Reflex. Pouco depois fomos alcançados pela Analice, e embora esta grande atleta dissesse que pouco importa o lugar onde ia, a verdade é que forçou a passada para também ultrapassar a atleta espanhola. A chuva parece que tinha parado quando atingimos o Castelo de Cornatel onde alcançamos a Verónica. Com ela seguia um atleta espanhol que nos confidenciou que a Verónica era a primeira “Chica” e que na frente da prova seguia um grande número de atletas portugueses.

A descida do Castelo era agora em estrada asfaltada até à aldeia de La Chana onde mais uma vez o abastecimento era líquido. Recomeçou a chover cada vez mais forte e com pouca probabilidade de parar. Enquanto todos vestiram um impermeável ou corta-vento, eu arrependi-me de não ter trazido o meu. O corpo já pedia mais que um simples isotónico ou gel energético e o Mimoso já amaldiçoava a organização. Aproximava-se a zona de [url=Las Medulas](http://www.lavueltadetuerca.com/lasmedulas.jpg)[/url] onde se situavam as minas de ouro romanas, e o maior obstáculo da prova – a subida ao Mirador de Orellán (45 km).

Noto que o David Ferreira tem bastões e não os usa (porque lhe dá um ar bastante “pro”) e resolvo utilizá-los. Na realidade, bem utilizados (é preciso haver bom sincronismo) permite progredir nas subidas com menor sacrifício dos músculos lombares e quadríceps.

No inicio da subida ao Mirador encontro a minha esposa e as meninas do Mundo da Corrida que nos incentivam. A chegada ao topo pela estrada asfaltada foi difícil e logo seguida de outra subida em terra batida até finalmente chegarmos ao abastecimento que deveria ter fruta.
Meia maçã??! … nem podíamos repetir!! Inaceitável…

Lá agarrei na meia maçã e comecei a descer para o vale enquanto mordiscava a única comida sólida. O vento era gelado e já desesperava por chegar aos 60 km onde poderia trocar de roupa por uma mais quente e poder vestir o corta-vento.
Durante a descida passavam por nós os BTTs a alta velocidade que quase nos atropelavam. Novo abastecimento e mais uma vez apenas líquidos. Chegamos a Puente de Domingo Florez e disseram-nos que teríamos mais dois km até ao Pavilhão onde poderíamos comer e trocar de roupa. O grupo apressou-se e fiquei para trás com o Eduardo até finalmente seguirmos a sinalização até ao pavilhão. Já se viam atletas que vinham em sentido contrário. Quando chegámos já o Ricardo se queixava que não conseguiam descobrir o saco dele. O meu, esse estava á vista e completamente molhado. Incompreensivelmente os sacos encontravam-se sob um toldo sujeito á chuva que caía transversalmente, quando podia ter sido colocado dentro do pavilhão. Do mesmo modo tanto a comida como o controle estavam à chuva.

Entrei dentro do pavilhão onde se encontravam mesas para massagem e uma banca com revistas para venda. Abri o saco e felizmente do lado molhado era onde estava o corta-vento. A camisola térmica estava húmida mas pelo menos serviria para me isolar do frio. Nem tentei mudar de meias ou de calções. Apesar da muda de roupa continuava a tremer.
A comida era apenas composta duma meia sandes de presunto, um bolo e uma lata de sumo. Comecei a comer a sandes mas o estômago rejeitava-a. Resolvi levá-la na mão e ir comendo aos poucos. A Verónica estava pálida e já falava em desistir. O Mimoso lá de despiu (usando-me como escudo) evitando os olhares curiosos e trocistas das “chicas” da banca de revistas. O Ricardo lá conseguiu finalmente descobrir o saco. Juntámos o grupo de novo, motivámos a Verónica e lá seguimos de novo trilho acima. O Marco Silva tinha-se juntado ao grupo. Com o corta-vento fechado até ao pescoço e de capuz na cabeça, frontal preso no cinto, lá fomos progredindo até ao cimo do monte. Só quase ao fim de quase 5 km é que parei de tiritar de frio e acabei de comer a sandes empapada pela chuva.

Chegados ao topo, começámos a descer em zigue-zague até chegarmos a Salas de La Rivera. Aqui só se via líquidos no abastecimento. Perguntei à senhora se não havia nada para comer e perguntou-me se queria banana. Claro que sim! Destapou um cesto por debaixo da mesa e deu-me meia banana dizendo que só seria um bocado por atleta. Chamei o resto do grupo que tinha ignorado o abastecimento e lá nos entregaram fruta a todos. Inconcebível, estes abastecimentos. Subindo pela estrada asfaltada lá virámos de novo para os trilhos e preparávamo-nos para a fase pior da prova, uma subida de quase 7 km até às Medulas.

O trilho era lamacento, empinado e quase intransitável. Pelo caminho encontrámos vários BTT a pé com grande dificuldade de progressão. Alguns tentavam levar a bicicleta ao ombro mas quase sempre era queda certa. Após chegarmos de novo à estrada, cruzamos uma pedreira de xisto e deparámo-nos com uma descida cheia de lama, sem qualquer possibilidade de a evitar.

Lentamente lá conseguimos passar sem que ninguém caísse. Atravessámos a estrada e mais uma grande descida lamacenta. Com passadas curtas e com o apoio dos bastões rapidamente cheguei ao fundo da ladeira. Para meu espanto, a Verónica que é quase sempre a última nas descidas, chegava logo depois de mim. O restante grupo agarrava-se a ramos das árvores para ir descendo. Estávamos em Carucedo (78 km) e ainda tínhamos de atravessar a aldeia de Borrenes para chegar de novo a Santalla (86 km) onde haveria caldo quente.

Em Borrenes, fomos bastante aplaudidos à chegada. O abastecimento estava marcado num tronco em que talharam umas cuequinhas!! Desta vez o abastecimento era composto de sandes de queijo e presunto. O pão estava duro, mas eu abria-o e levava o presunto à boca enquanto retirava mais uma sandes para o caminho, perante os olhares estupefactos do pessoal da organização. O grupo mal esperou e seguiu de imediato. A ideia era chegarmos ao próximo abastecimento antes do anoitecer. Finalmente chegámos de novo a Santalla (onde já tínhamos passado por duas vezes) com cerca de 10 horas de prova.

Desta vez o abastecimento era mais substancial, composto de sandes e uma canja quente que soube mesmo bem. Acendemos os frontais e começamos a descer. Faltavam pouco mais de 15 km, e calculámos mais duas horas de prova o que daria um tempo final de cerca de 12 horas.
Mas o piso lamacento não dava sequer para correr. As quedas sucediam-se e progredíamos lentamente. Demoramos quase uma hora para fazer cerca de 5 km. O cansaço acumulava-se mas o grupo manteve-se coeso. Íamos passando o pessoal das BTT que caminhavam. A dada altura apanhámos um trilho estreito junto ao rio, em que lavavam as bicicletas com água para conseguirem andar.

Perto dos 92 km, chegámos a um ponte sinalizada com luzes azuladas, em que a organização estava a encerrar o trilho a mandar os atletas para a estrada. Disseram-nos para seguirmos pela estrada asfaltada e assim fizemos. Perto duma ponte a estrada dividia-se e ficámos na dúvida! Não havia qualquer sinalização. Optámos então por seguir a placa que indicava Ponferrada.

Uma recta interminável que nos levaria até á cidade. Pelo caminho fomos abordados pela polícia, e julgámos que estávamos perdidos, mas apenas nos perguntaram se necessitávamos de ajuda médica. Agradecemos e dissemos que não e incentivaram-nos a prosseguir. As poucas viaturas que passavam por nós apitavam com incentivos. Estávamos no caminho certo, pensámos!

Finalmente quando atingimos a primeira rotunda é que verificámos que não havia qualquer sinalização. Perguntámos a um rapaz qual era o caminho para o pavilhão e ele informou-nos que devíamos estar perdidos, pois o percurso deveria ser feito pelos trilhos e mostrou-nos o colete reflector da organização. Bolas! Mais uma vez nos perdemos numa prova.
A sinalização que até agora tinha sido perfeita, falhava quando faltava pouco mais de um km no Garmin. Era frustrante estarmos tão perto e termos de fazer mais distância que o previsto.

O grupo já estava a desmembrar-se. Á frente seguia o Marco, o Mimoso e o David. Eu seguia sozinho e a umas centenas de metros vinha o Ricardo, a Verónica e o Eduardo, todos já em dificuldade. Indicaram-nos que deveríamos seguir até uma rotunda com um cavalo, virar á esquerda até á próxima rotunda, de novo à esquerda até à segunda rotunda e na bomba de gasolina virar para o pavilhão.
Numa das viragens, perco o grupo da frente. Olho para trás e já não vejo o outro grupo. Pelo meu sentido de orientação atalho por entre as ruas até encontrar uma rotunda com repuchos de água que me pareceu familiar.
Aceno para um carro que vinha a passar para pedir informações mas este evita-me e não pára. Finalmente há um que o faz e abre ligeiramente o vidro para responder. Diz-me para seguir sempre a direito até ao Carrefour e depois virar à esquerda. É nesta altura que ouço uns gritos. É o grupo da frente que também se perdeu e encontrou-se comigo por acaso. Pergunto pelos outros mas não sabem responder. Digo-lhes que já sei o caminho e começo a correr num ritmo rápido enquanto telefono á minha esposa a dizer que devo estar a cerca duns dois quilómetros.
Acabo por chegar por detrás da meta para espanto de todos e finalmente dou a minha prova por concluída com 13h16’12 e mais de 2 km do que o previsto.

Pouco depois chega o resto do grupo, sendo o mais atrasado o Eduardo, a quem felicito por ter concluído a prova. O Ricardo Diez barafusta em espanhol com a organização devido à má sinalização nesta última parte do percurso. Apercebemo-nos então que alteraram esta última parte e que deveria existir alguém da organização pouco antes da ponte a indicar-nos o trilho para a esquerda.

Depois de nós ainda chegou mais um grupo de BTT e de atletas que fizeram o mesmo caminho que nós.
Recebemos um papel com o nosso tempo e posição, e dirigimo-nos ao pavilhão. Aqui tivemos de nos descalçar e recebermos o diploma, uma T-Shirt técnica e a medalha. A medalha essa, era apenas dada aos primeiros 101 atletas e nela estava gravada a posição na classificação geral, no meu caso o 37º lugar. O diploma era bonito, em formato A3 e com a figura do cavaleiro Templário que tinha visto em Santalla del Bierzo.

O abastecimento final era pobre… água e um daqueles bolos que tínhamos comido aos 60 km. Fraquito!! O que vale é que tinha bastante comida no saco. A fila para as massagens era grande e com apenas duas massagistas e um podologista para tratar das bolhas dos pés, calculei que iria lá estar muito tempo e resolvi ir tomar banho e dormir. As instalações balneárias tão limpas no dia anterior, agora eram só lama.

Apenas consegui dormitar por um par de horas, o barulho era tanto que nem dava para descansar. Levantei-me para ir tirar um café à máquina e deparei-me então com uma mesa cheia de comida para receber os atletas que chegavam!
Francamente!! Parece que a fartura deveria ser só para os atletas mais lentos, pois para os primeiros (talvez por serem portugueses), não tivemos direito a nada. Embora sem fome, recolhi uma sandes, uma lata de sumo e dois bolos, para o pequeno-almoço e fui-me novamente deitar.

Mais uma ultra-maratona terminada. Apesar das dificuldades devido à chuva, à lama e com mais desnível do que tinham anunciado (2.800 mts em vez dos 2.100), ainda consegui fazer melhor tempo do que Ronda e ter concluído a prova em melhores condições físicas. Gostei!

Em resumo:
Uma prova com um percurso difícil, mas muito bonito e com paisagens espectaculares merecedoras dumas belas fotografias.
Penso que devido à inexperiência a organização não calculou bem os abastecimentos, embora tenham reforçado a sua qualidade em termos sólidos para a segunda parte do pelotão. De lamentar não ter sido dada uma medalha a todos os participantes que terminassem a prova.
Comparativamente com Ronda, os 101 Peregrinos têm um custo/benefício desequilibrado.
De certeza que na próxima edição estas situações estarão ultrapassadas, e que será uma prova a contento de todos.
Nesta primeira edição, a delegação Lusa ocupou os cinco primeiros lugares masculinos e os três primeiros femininos. Nos lugares cimeiros ficaram o Carlos Sá e Verónica Correia, respectivamente. Força “Tugas”!!
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